sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A beleza das coisas simples. Simples?

Vencedor do Prêmio Prietzker em 1989, Frank O. Gehry,  nasceu em Toronto, Canada em 1929, e anos depois se naturalizou americano. Famoso arquiteto de obras de proporções faraônicas, como o Museu Guggenheim, em Bilbao, Espanha, que é todo revestido de titânio, entre suas criações também estão o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, a Casa Dançante, em Praga, e sua humilde residência em Santa Monica.

Casa de Gehry em Sta Monica

Disney Concert Hall




Frank foi o responsável por transformar uma disciplina conservadora misturando o livre-arbítrio da arte com algo exato e intransigente como a física, e o resultado foi algo totalmente novo, peculiar, original. Suas obras arquitetônicas tem uma relação simbiótica com as tecnologias atuais e confrontam paradigmas da arquitetura exibindo exotismo, caos, formas orgânicas e narrativas nunca antes vistas. Ele imprime em suas obras o contexto do que vive, sempre levando em conta que a tecnologia não cria, mas possibilita superar, e vivencia intensamente o processo de criação, o esboço. A soma de tudo isso fez de Gehry um dos mais enigmáticos arquitetos do mundo, reverenciado por seu estilo desconstrutivista e pelo uso de diferentes materiais em formas arrojadas.


Museu Guggenheim

Gehry sempre teve uma relação de medo e fascínio por suas obras: "São como filhos, que nascem para o mundo e tem vida própria". Sim, ele está certo, ao ganhar o mundo, as obras oferecem novas possibilidades de relações e conexões. O arquiteto-artista sempre acreditou que se existe uma ideia, por que não botá-la em prática, por que não experimentar? Ele vive o momento e aproveita ideias, relacionando qualquer coisa com qualquer coisa, moda, pintura, escultura, história, objeto, desejo... e tudo isso pode atingir tal grau de reflexão que as relações entre as pessoas são também transformadas no momento em que percebemos que tudo é troca e tudo pode servir de inspiração.

O cara atingiu um amadurecimento que poucos conseguem, veja só, ele fala muito sobre a diferença de ser jovem, cheio de sonhos, anseios e possibilidades e a experiência de envelhecer e cair na real que o que fazemos não se reflete no agora. Ele diz que a perfeição não existe e não pode ser alcançada, e com o tempo, a frustração diminui e relaxar diante da imperfeição fica mais fácil.

Gehry expandiu seus domínios para além do tijolo e da argamassa ao exercer a função de designer de produto para Claes Oldenburg e Richard Serra, relógios, bules e uma linha de joias para a Tiffany & Co, inspirada nos peixes, as vidas que habitam o planeta ha muito mais tempo que nós.

Gehry para Tiffany & Co.

E quando achamos que suas obras serão cada vez maiores e mais ousadas, nos deparamos com  a simplicidade da renovação em uma área devastada pelo furacão Katrina, o Lower 9th Ward, em Nova Orleans. Trata-se de um duplex que prima pelo aconchego e foi projetado para a Make it Righ Foundation, ONG criada por Brad Pitt para ajudar os sobreviventes do furacão que atingiu a localidade em 2005. Outros arquitetos conceituados também foram convidados a construir habitações seguras, sustentáveis e economicamente viáveis para a população local viver, visto que milhares ainda continuam desabrigados, sete anos depois do desastre.




Vamos aprender com esse grande e talentoso artista a respeitar o outro e ver a beleza em tudo, a todo momento. Assistam o documentário de Pollack, "Sketches of Frank Gehry" para assimilar como a sabedoria pode ser seu verdadeiro material de trabalho.