quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A Iminência das poéticas

 
Começou no último dia 7 a 30ª Bienal de São Paulo, sob o tema A Iminência das Poéticas. O evento divide 110 artistas, dos quais 21 são brasileiros, em constelações para mostrar como todos se relacionam com a arte conceitual de alguma forma, crendo que "a arte, em sua diversidade de recursos e linguagens, se manifesta e se inscreve no tempo, se projeta no futuro". 


A curadoria ficou por conta do venezuelano Luis Pérez-Oramas, que está de licença do segmento de arte latino-americana do MoMA e ele vem desmistificando a arte conceitual ao declarar as principais missões da Bienal: Ser honesta com os artistas contemporâneos, quebrar a cadeia viciada criadores-galerias-museus e ampliar as experiências do público através das mais arriscadas formas. 

A arte conceitual é a principal estrela das contelações que compõe a 30ª Bienal, e isso significa que o que interessa são as intenções do autor em passar a ideia de que a própria ideia é superior ao objeto em si, onde a matéria-prima é a vida, e todas as suas experiências. Para deixar esse mote claro, a mostra parte de um momento próximo da "Hora Zero" para o que hoje é tido e reconhecido, e rejeitado, muitas vezes, como arte.

Entre os astros de grande relevância podemos citar grandes artistas plásticos, mas também cineastas, poetas, arquitetos... vamos destacar alguns a seguir:


Allan Kaprow
O inventor do Happening, que guia os conceitos de performance: não podem ser vendidos ou levados para casa.



Hans-Peter Feldman
O alemão cria imagens a partir de outras pré-existentes, que unidas e reinterpretadas, adquirem novos significados.



Robert Smithson
Criou a partir do planeta, da terra, para a própria terra.



Bas Jan Ader
O mito usou filmes e imagens para documentar sua relação com o abandono, as forças da natureza e a história da arte. 



Jiri Kovanda
O tcheco abusa das ações e intervenções para gerar interação e novas formas de contato.



Franz Erhard Walther
O artista promove o engajamento do público não apenas com os olhos, mas com o corpo todo, através de instalações, performances, esculturas e objetos.



Anna Oppermann
Qualquer fragmentação profunda pode compor o trabalho dessa artista alemã.


Charlotte Posenenske
Ativa politica e artisticamente, figura clássica que abandonou a cena artística dos anos 60 por acreditar que a arte não promovia as melhoras necessárias na sociedade.



Waldemar Cordeiro
Líder do Grupo Ruptura (1952), exibe a exatidão das formas geométricas como base de suas pinturas.



Arthur Bispo do Rosário
Em 1938 Arthur sofreu uma crise mística que deu início ao seu período de internações em instituições para doentes mentais. O então esquizofrênico-paranoico passou a criar objetos e bordados, que na década de 80 foram aproximados da arte contemporânea.



Robert Filliou
O artista francês era orientado pelo princípio de um "sistema esterno" que pudesse oferecer ao espectador a experiência de um jogo infantil infinito.



Bruno Munari
Entre os maiores artistas do século XX, o italiano propôs a arte total, com base nas suas experiências com o design, misturando pintura, literatura, escultura, arquitetura e pedagogia. Sua obra acabou com as fronteiras que separavam arte e produção industrial.



E no embalo de Munari, a Bienal também quer descontruir para reconstruir, assassinando barreiras e hierarquias que não acreditam que tudo pode ser arte, e qualquer um pode ser artista. É o grito de vitória da opinião polêmica sobre a verdade absoluta.

Desta vez a Bienal não acontece só no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Ibirapuera, ela se expande por outros pontos da cidade, como a Capela do Morumbi e a Estação da Luz e vai até o dia 9 de dezembro. E o melhor: é arte para todos, de graça, liberta do elitismo, mas completamente ligada à inteligência.